Marcos Clark. Tecnologia do Blogger.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Thanatos II


Uma verdade inconveniente: Você vai morrer.
Isso apavora, eu sei.
Pode ser daqui a alguns anos, pode ser daqui a alguns minutos.
É a única certeza que tenho a lhe oferecer.
A menos é claro que tu seja Jesus Cristo, aí tu pode até se matar sem problema algum quantas vezes quiser.

Saber lidar com a perda deveria ser inato no ser humano, aceitar que pessoas vem e vão.
Quem está do seu lado uma hora não mais estará.
Primeiro os mais velhos, mais queridos e doentes.
Pelo menos era assim que deveria ser.

Com essa crescente onda de desespero e pânico, somos obrigados a nos precaver uma possível perda inesperada.
Um toque da destruição inoportuna, desenfreada, pode e irá acabar acontecendo à poucos metros de você.
O que nos leva de volta ao medo de morrer.
Hoje em dia já não nos preocupa o fato que iremos morrer, e sim em quais circunstâncias.
Uma morte amaciada, instântanea e honrada é o desejo de muitos.
Eu digo que é besteira.

A morte sempre será morte independente da maneira que ela virá.
Sofreremos do mesmo jeito a perda do laço terrestre e a dor do término de uma vida desenfreada.
O que posso lhes adiantar é:
Não existe dignidade ou calmaria na morte.
Honra, mérito, pureza.
Você pode até escolher viver com esses atributos, mas nunca poderá morrer com eles.

Apenas erga a cabeça e espere.
De nada adianta acelerar ou adiar algo que tu não tem controle algum.
Relaxe.
Se a única certeza que lhes dei pôde ser dolorosa e imutável, lhes dou algo muito pior:
Algumas pessoas se preocupam tanto sobre como irão perecer, que acabam esquecendo completamente o privilégio e a liberdade de viver.

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Passado


Não estou escrevendo mais uma carta antiquada sobre como és importante pra mim, isso é óbvio demais, é como se masturbar trancado no banheiro.
Isso aqui deve soar mais como uma carta de agradecimento do que qualquer outra coisa.
Talvez "agradecimento" seja pouco.
Tu me encontrou numa época complicada da vida, estava escuro, quase não dava pra enxergar.
Já não sabia mais o que queria ou procurava, estava ao relento, perdido numa noite fria e interminável.
Era como uma droga, no começo eu queria mais e mais de tudo aquilo que tinham a me oferecer, e depois vinha o gosto amargo na boca, a depressão, e a auto destruição.
Me permitia parecer uma criança sem nada na cabeça e sem nenhuma preocupação, era mesmo assim que eu era.
Talvez seja isso que eu ainda seja, uma criança.
Uma criança no corpo gasto de um herói do submundo.
Mas aí eu tive você.
Um porto seguro do qual não pretendia desancorar.
Uma fortaleza privada, de difícil acesso.
Meu anjo da guarda pessoal.
Sabe, eu me via em você.
Antevia meus filhos brincando em nosso gramado sujo, mal cuidado.
Crianças, como o pai, se atracando surradas, clamando por atenção.
E você aos gritos, chamando todos pra dentro, jantar na mesa.
Aquele cheiro de lar.
Sabe aqueles sonhos dos quais não queremos sair?
Era isso que tínhamos, um sonho real.
Um futuro, uma dádiva.
Nunca pude prometer que tudo sairia como planejavamos ou que seriamos de fato felizes.
Momentos ruins estavam por vir, eu não me assustava.
Antes de tudo, tínhamos um ao outro.
Pra sempre e nunca.

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