Marcos Clark. Tecnologia do Blogger.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Ariel


Deslocava-me ao vazio de preencher minha solidão. Jazia ao léu na esperança o esplendor.
Noite fria, coroada. Já não sabia onde me encontrava. Mas ali estava, querendo ou não. (é engraçado o quanto o destino é incoerente). Elogios vindo de lugar algum acalentava meu ego. Acostumava-me a ouvir comparações irreais de gente que eu nem conhecia. A vontade da partilha, não compartilhada, repousava sobre mim. Dentro de mim. Traia-me traindo minha vontade, uma ou duas vezes. Na primeira, força do hábito. Na segunda eu nem sei. Se soubesse não teria sido tão importante. O que mais nos fascina no desconhecido é o fato de desconhecer a razão. Os astros, e um sinal. Dois. Irreal. Olhos cristalinos, mal sei de que cor. Azuis, verdes? Esqueci. Enfim um caos de cores que coloria minha vida (colour my life with the caos of trouble). Um sorriso. Um contato tão próximo, quase uma blasfêmia. Apatia em retribuição, tentativa frustrava. Muitas vezes a simples menção ao "eu fico" é a resposta perfeita, crua e sincera. Despida à olho nu escondia sua vontade.
Gargalhávamos horas à fio, sob o céu de estrelas que subiam(sim subiam). Sentir-se bem por ali estar, sem ao menos estar. Inquietude pavorosa, leves toques e dois baques. Cotovelada na cara desfigura o furto do coração no momento mais oportuno. Mãos dadas. Corpos pedintes, sedentos por carinho, carentes por natureza. Tristeza. Hora de ir.
Adiávamos o parto temendo o nascimento precoce.
Na presença tornávamos um, na ausência já éramos.
Palavras vazias se cruzavam, vazias, mas cheias de significados. Éramos três ali. Três menos um.
E um beijo, dois ou três. Já não sei. Incapacidade de pensar, e isso por si só me fascinava. Levanta e anda, já é tarde. Agora era fatal, até mais. Bem vinda seja ao meu mundo, ao mundo dos sonhadores apaixonados.

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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Como nossos pais


Geração desinteressada. É o que mais ouço. Jovens-adultos rodando em círculos, procurando algo que os façam parar. Nada os interessa, nada os cativa.
Excesso de zelo, zelo nenhum.
Correndo avidamente atrás de objetivos que outras pessoas deixaram pelo caminho.
Engenheiro como o pai, enfermeiro como a mãe. Herança ignóbia, individualidade inexistente.
Lutam numa briga de antepassados, por um lugar nesse mundo ambicioso. Mundo do qual abominam. De cara amarrada lhes facultam a faculdade de interesse.
Oferecem-lhe a vida que outros sonham, sonhos não compartilhados.
Objetivos na vida. Será mesmo?
Jovens artistas se perdem em tribunais defendendo causas perdidas, advogados-réus.
Réus de seus pais, réu de seu país.
Engenheiros, médicos, advogados.
Repugnadamente portando réguas, estetoscópios, dentro de juízo. Falta de juízo.
Talentos perdidos tentando se encontrar, paradoxalmente perdidos onde se encontram.
Nada é interessante a quem não está interessado.
Pais, cative-os, edifique e liberte-os.
Filhos-atores, músicos, poetas de calçada, erguei-vos.
Busquem teus verdadeiros sonhos.
Um palco, uma platéia, um amor.
Não se percam em universidades suicidas.
O poeta não adora o discurso, mãos que fazem música não operam.
Vivam teus sonhos, não de teus pais. Círculo vicioso.
Os desinteressados de hoje são os pais de amanhã.

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domingo, 27 de junho de 2010

Baile de mascaras


Só porque não fomos ao desfile você me acusa por ela estar grávida?! Alias, foi você quem disse que não podia ter animais em casa. Pois bem, digo à eles que venham, porque até lá será um longo caminho de espinhos e mamonas....
Algumas nem ligam em serem pisadas desde que seja com detergente, afinal não foi você quem comprou aquela linda espada para cortar aço?! Nunca esperaria isso de Michelle ou de Philbert, eles pareciam tão agradáveis a olho nu. Fazendo-se de miseráveis com punhado de arroz em suas mãos presas na porta de um elevador de comércio em plena quinta-feira as 22:07. Ninguém,eu disse ninguém foi ver porque o último andar não chegava nunca.
Amor?! Era um por amor e três por dinheiro. Garranchos na mesa e bonecas para Allen. Fazia sentido John?! Nunca fizera. Nunca. Porque era pra sempre, e sempre chegava uma hora ou outra feito um trem descarrilhado a todo vapor...
Se você espera que alguém lhe dê pizza e não lhe dão, você obviamente acha ruim.
Uma bruxa vestida de camisola diz para o menino inocente desligar, mas porque ela fora sempre tão cruel com ele?! Já que o mesmo nunca fizera nada para machuca-la, pelo contrário, sempre procurou agradar.
Pois bem meu caro, nunca procure agradar, quando você menos espera vem e te apunhalam sem que veja com aquele linda espada de corta aço que você mesmo comprara. Não é fácil. Nem difícil. Talvez o verdadeiro conflito esteja em nossas mentes, lutando pra proteger o que importa pra ela. Um jardim do Éden sem monumentos de prestigios ao verdadeiro rei. Não há hierarquia nesse novo mundo que há do outro lado dessa imensidão azul.

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O medo


Vivo escrevendo, esperando encontrar uma pessoa com quem possa trocar essa ou aquela idéia, sem a velha história de troca de favores e compromissos fúteis. As pessoas se comprometem demais com coisas de menos e esquecem que viver já é um compromisso sério demais.
Para mim escrever é fugir de problemas que me apavoram e dos quais não conseguiria me livrar sozinho, é encontrar amigos, pessoas que se identificam com esse ou aquele texto. É o que tenho a oferecer. Histórias que tenho pra contar. Não é muito.
Vivo num mundo de limites estreitos e pauteados. Tenho medo da vida, como poucos, me apavora correr riscos. Lamentável é saber que viver é correr riscos. Debruçado sobre meus textos não corro maiores riscos.
A literatura é meu endereço mais sólido. Rochas de pontos e vírgulas flutuando no oceano infinito de uma folha de papel, onde me exilei por vontade própria. Fiz dela meu território conhecido, livre de chateações e certezas imutáveis.
Foi sempre assim. Agora me pego aqui, numa tarde modorrenta de um domingo qualquer, lamentando os amigos que não fiz, os amores não vividos, as trilhas que gostaria de percorrer que ainda me assustam muito. Tenho medo de tentar, dá pra compreender isso?

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sábado, 26 de junho de 2010

É tão tarde assim?


A visão da opressão me deprime. Vivemos num mundo onde é preciso dividir pra aproximar, reduzir pra obter.
Equaciona-se paz com silêncio, reduzindo tudo a zero, a nada.
Imoralidade transformou-se em beleza, crueldade com maneira de pensar.
Não existe um senso comum do que é certo ou errado, cada qual soma uma parcela do que bem entende e salve-se quem puder. É um por um e Deus por todos.
Fé margeia-se com radicalismo, numa fronteira quase imperceptivel.
É irmão matando irmão.
Suícidio coletivo.
Pra amar é necessário o ciúme, pro ciúme é necessário amar.
Casar tornou-se um contrato.
Homens queixam-se da independência da mulher, as mulheres por sua vez, queixam-se do excesso de trabalho do qual ela tanto queixou-se não ter.
Valores corrompidos equalizam-se com sentimento de liberdade. Falsa liberdade?
Nos prendemos tementes do que possa nos aprisionar.
Pedimos exílio em países dos quais fugíamos pela perpendicular.
Negro + branco = pardo.
Em que mundo nós vivemos?
Na matemática da vida, a equação é inlógica.

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Nowhere Boy


Suficientemente independente, dotado de aparência imponente e agradável, envolvente. Se entrega de corpo e alma à aqueles que lhe proporcionam prazer, jogador inveterado capaz de apostar a própria vida quando prevê a possibilidade de vitória, mão aberta, amigo do discurso, mas sempre mordaz, nada modesto. Indiferentemente interessado, intrépido, um tanto quanto amoral, distante. Hábil em suplantar rivais, socializa por conveniência e só reconhece como boa companhia aquela que lhe proporciona prazer.
Nascido no lugar errado, na época errada, na familia errada. Desejava ter vivido no glamour dos anos 60, dançando “hold me tigtht” e “I wanna Hold your hand”, em uma época onde o amor não era assim banalizado. Acredita no amor. Não nesse amor sujo e patético dos dias de hoje. No amor como oxigênio, como aprendeu com seus melhores amigos; John, Paul, George e Ringo. Muitos em um só, um só em muitos, nada nele é estável, tudo está em constante mudança, talvez por não conseguir agarrar aquilo que não tem forma.

Não demonstra interesse, por várias vezes parece insensível e amargo, puro engano, é tão mais apaixonado como o maior galateador, apenas não é explicito. É seu melhor amigo e pior inimigo. Acredita que pra que haja um herói é necessário um vilão, mas nele o vilão encontra-se dentro do próprio herói. É seu mais imponente adversário, sempre tentando superar a si próprio e tornar-se algo maior do que pensa que é. Não sabe de onde veio, não sabe pra onde vai, mas uma coisa posso garantir sobre ele, sabe muito bem onde está.

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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Penless


Há momentos onde traçamos, em linhas tortuosas e sofridas, pedaços de nossa história em frases tão simples e ao mesmo tempo muito complexas,e por forçarmos demais a caneta, como se quisessemos impregnar as letras tão fixamentes, a caneta estoura. Manchando o já sujo papel, obscurecendo quase que por completo, as tão belas frases que havíamos escrito. Essa é a sina dos escritores que assim como eu, escrevem com tanta paixão e intensidade. Então o que nos resta é voltar a escrever, as mesmas frases, as mesmas histórias, os mesmo sentimentos. Em uma nova folha de papel, e com uma nova caneta, mais resistente, madura e cada vez mais impenetrável.

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A day in the life


Ando por aí, mão no bolso. Pensando e sentindo meu coração apertado. Me vem uma velha canção. A Beatle's song que faz sentir saudade. Saudade sabe lá de que. Parece ser uma saudade do que ainda não veio, daquilo que ainda não chegou...
Não quero partir sem ter meu amor desdobrado ao longo dos anos ao som dos Beatles. Quero sentir aquele calor dos primeiro flertes cantarolando "If I fell in love with". Receber um bilhete assim: “i'll pretend that i'm kissing the lips i'm missing”. “And if you saw my love You'd love her too I love her” podem embalar uma serenata na minha janela”. Viajar à praia cantando "o-bla-di-o-bla-da". Curtir a fossa de uma briga com "Don’t let me down”. “Here comes the sun and I say it's all right” quando a paz voltar. Dançar perto do palco com a minha banda tocando “dararam dararam dam dam dararam dararam dam dam If there´s anything that you want If there´s anything I can do”. Quero que toque “Love, Love, Love...” quando eu estiver indo ao teu encontro pra nossa união [Sim, uma vez na vida eu quero casar]. Pedir “Let it be” quando precisar ficar comigo mesmo passando frio. Você escutar eu chegando em casa do trabalho, tirando a fantasia de herói da classe operária, dizendo “It’s been a hard day’s night and I’ve been working like a dog”. Cantar “They say it's your birthday It's my birthday too, yeah” nos 10’s de agosto! “Blackbird singing in the dead of night” pra fazer os amores da minha vida dormirem. Chegar a conclusão de que não é preciso muito pra ser feliz, pois “I don't care too much for money, money can't buy me love”. Curtir um som no escuro “come together right now over me” e "Why don't we do it in the road". Chorar no teu colo pois sou humano “So cry baby cry, Make your mother sigh, She's old enough to know better, So cry baby cry”. “Day Tripper” vom’ bora pegar a estrada? “And in her eyes you see nothing, No sign of love behind the tears cried for no one, A love that should have lasted years” se não for você… “Good morning, good morning” toda manhã à teu lado. “I want her everywhere and if she's beside me I know I need never care” de conchinha, domingo de manhã.
Vamos dançar de meia na sala “Aaaaaaaaaaaaaaaaaaa I should have known better With a girl like you. That I would love everything That you do And I do, Hey, hey, hey, And I do”? Canção de ninar: “So I sing a song of love for Julia, Julia, Julia”. Olhar um para o outro e se dar conta de que “Don't need to be alone. No need to be alone. It's real love.” “When I get older losing my hair, many years from now. Will you still be sending me a Valentine. Birthday greetings bottle of wine.”?

Dá pra sonhar muita vida ainda com os Beatles cantando a letra. Quem se habilita?

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quarta-feira, 23 de junho de 2010

A Flor


Por um motivo providencial, ocasionalmente aparece em nosso caminho uma flor,
com poderes medicinais capazes de curar todas as nossas agonias e nos dar força.
Acontece que por desinteresse ou mero descuido acabamos por ignora-la, deixando-a pelo caminho,
de tal maneira, que qualquer um passante poderia toma-la como sua e então junto com o implacável vento leva-a para bem longe nós.

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O Velho e o Moço


Hoje me sinto como se tivesse 20 anos... Mas tenho 20 anos, e pessoas com 20 anos são jovens e ativas. Não é assim que eu me sinto.
Talvez me sinta com 30 anos... Mas meu irmão tem 30 anos, e com uma família se sente feliz e completo. Não é assim que eu me sinto.
O que me leva a pensar nos 40... Minha tia aos 40 tem uma vida estabilizada e se sente bem. Não é assim que eu me sinto.
50 talvez... Minha mãe aos 50, sente-se viva mesmo que doente. Não é assim que eu me sinto.
60 anos é tempo demais... Mas as 60 meu pai olha pra atrás e sente um orgulho tremendo de seu passado. Não é assim que eu me sinto.
70? Aos 70 a aposentadoria os torna calmos e descansados. Não é assim que eu me sinto.
Hoje, na verdade, eu me sinto quase morto.

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